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Romance Histórico
Opinião Histórica: "Duas Mulheres, Dois Destinos" de Lesley Pearse
Duas Mulheres, Dois Destinos foi uma grande desilusão para mim. Adorei Nunca Me Esqueças, gostei mais ou menos d'A Melodia do Amor, mas este não me encantou muito.
Sim, a história é boa, tem muitos acontecimentos, tem referências históricas, tem vários romances a acontecer, várias desgraças também, temos heróis e temos vilões.
A história é principalmente sobre Verity e não sobre duas raparigas, como lemos na sinopse ou até no título. A quantidade de história pertencente a Ruby é quase igual à de Archie, por exemplo, o que acaba por quase a empurrar para o grupo das personagens secundárias.
Já agora falando no subtítulo "O acaso juntou-as. Irá a guerra separá-las?". Bem eu nem sei onde começar. Não foi o acaso que as juntou, primeiro que tudo. Foi um homem morto que apareceu ali na rua (esse primeiro diálogo foi quase tão mau como os que apresento nas citações seguintes) e elas estavam lado a lado a ver o "espetáculo". Depois, a segunda frase... a guerra aqui está sempre em quinto plano, lá bem longe. Só no final é que a guerra chega a eles e aí sim é que começa o verdadeiro entusiasmo. Pena que foi só no início. E a guerra não as separou nem juntou, só serviu de plano de fundo.
Mas vou esmiuçar um pouco mais.
Começando pelo que achei ser o pior de todo o livro: a escrita. Penso que aí é que residiu o principal problema. Não sei se foi a tradução ou não (sinceramente acho que não, porque mesmo traduzindo para inglês não me soou nada bem), mas ao ler este romance com temáticas tão pesadas como a prostituição, a violação, a negligência parental, para não falar da segunda guerra mundial, ao ler a maior parte do texto a sensação que tinha era que estava a ler um romance pobre, escrito por alguém que ainda não amadureceu a escrita e que ainda não percebeu que forçar diálogos e forçar acontecimentos torna tudo mais falso e a leitura o oposto de fluída. Se não soubesse quem tinha escrito isto, nunca diria que tinha sido Lesley Pearse.
"Ele segurou-lhe o rosto com as mãos, aproximando-o. - Não me parece que saibas o que significas para mim - disse, com os olhos no dela. - Passei este tempo todo com muito receio de dizer alguma coisa porque fiquei com a impressão de que tinha tido uma experiência má com um homem. Mas agora tenho de falar Verity, antes de partir. És a rapariga dos meus sonhos." (página 214)
"Verity agarrou-lhe na manga do macacão. - Não me parece que ela consiga aguentar durante muito mais tempo. É uma pessoa corajosa, mas está a fazer um miado horrível e eu sei que é por não se atrever a gritar com medo de que desabe tudo à volta dela. Por favor, por favor, procure-a agora!Ele olhou para ela, esboçando um pequeno sorriso. - Defendeu bem a sua amiga. Muito bem. No segundo andar, não é?" (página 349)
Aqui estão dois excertos que exemplificam a meu ver o que eu quis dizer. Não sei se concordam comigo, mas digam-me lá se, por exemplo, no segundo excerto quem é que diz isto? Quem fala assim? "Defendeu bem a sua amiga" quando tinha havido um bombardeamento e este homem era um dos paramédicos que estava a salvar as pessoas? Desculpem-me mas isto parece me algo saído de uma novela dobrada de baixo custo.
Não me recordo minimamente dos outros dois livros serem assim.
Seguindo para o próximo ponto, as referências históricas. Ao contrário dos outros dois que li, ambos na conquista da América, aqui avançamos um pouco mais. A autora faz referência a Pearl Harbor, a Dunquerque (vi o filme recentemente), a Hanneke (referências de A Rapariga do Casaco Azul), etc, que despertam aquele sentimento de reconhecimento. Não é mau, mas acho que ela podia ter desenvolvido muito mais esta parte história e da guerra e de outras desgraças, em vez de relatar uma vida que quase é normal, excepto alguns intervalos em que Verity sofre imenso. Aqui o 8 ou 80 é típico desta escritora. Ela nunca deixa a personagem em paz e fá-la sofrer imenso, o que eu nem discordo nem condeno, mas depois volta tudo ao normal num instante. Só acho que em vez de quantidade devia haver qualidade. Devia esmiuçar mais o ambiente e os sentimentos, em vez de adicionar acontecimentos terríveis mas demasiado rápidos.
Achei que Archie teve demasiado protagonismo. Aliás, cheguei mesmo a saltar um capítulo inteiro sobre o passado dele. O que é que interessa o passado dele? Já percebemos que ele é mau só do presente! De qualquer forma foi uma personagem com um papel importante na história, apesar de achar, mais uma vez, que os seus actos/crimes, eram demasiado rápidos.
Adorei Ruby e Wilby. Ruby aparece e depois desaparece, enquanto que Wilby aparece no meio e nunca mais nos abandona. São duas personagens muito ricas, corajosas e com personalidades muito fortes. Ao contrário de Verity, que é um pouco mais fraca e cheia de incertezas.
Não gostei muito, nem percebi a existência, de Bevan. Acho que apenas foi atrapalhar outro romance e apenas foi acrescentar linhas ao livro. No final, a autora quase nos faz acreditar que é ele que muda tudo, mas afinal é uma pista falsa. Muito fraquinha por sinal. Porque por mais que Verity tivesse desabafado não iria alterar assim tanto os sentimentos de uma hora para a outra como Lesley Pearse nos quer fazer pensar.
Não gostei de Miller. Achei-o um pouco insosso e nada atraente, e mesmo quando muda continua uma destas (não vou dizer qual porque já estou a falar muito da história).
Mas nem tudo foi mau - gostei das cenas mais "agressivas", mesmo sendo curtas, das desgraças por que Verity e Ruby passam. São momentos mais emocionantes em que nos compadecemos com as personagens e existe uma certa compaixão e ligação com estas. Mas sempre enfraquecido pela forma como tudo é descrito.
Vou ler os restantes livros da autora, mas se isto se voltar a repetir vou acabar por desistir. É uma pena, porque a história está lá e as personagens também.
Na primavera de 1935, em Londres, duas jovens observam enquanto a polícia retira o cadáver de um homem de um lago. Elas vêm de mundos completamente diferentes. Ruby é filha de uma prostituta alcoólica e só conhece a pobreza e o abandono. Verity, de boas famílias, vive com todo o conforto que o privilégio garante. Mas, nesse dia, começa entre ambas uma amizade que perdurará ao longo do tempo.
O destino, porém, não tardará a mostrar quão traiçoeiro pode ser: ao passo que Ruby encontra, por fim, um lar onde é amada e acarinhada, Verity sofre revés atrás de revés, e um terrível segredo do passado ameaça destruí-la. A Grã-Bretanha prepara-se para a guerra, a conjuntura é turbulenta. Apesar disso, ambas continuam presentes na vida uma da outra... até ao dia em que uma delas profere as palavras: “Morreste para mim”.
Num país dilacerado pela guerra, poderá a amizade sobreviver?
Duas Mulheres, Dois Destinos é um romance épico que nos fala de lealdade, amor, e da força dos laços de amizade perante as mais duras adversidades. Como sempre, Lesley Pearse não desilude...
Nunca li nenhum dos romances históricos da Lesley Pearse... mas li dois contemporâneos e a experiência foi mais ou menos a descrita aqui x) Maus diálogos, escrita mais ou menos, personagens que existem só para sofrer desgraças e pouco mais. Não gostei.
ResponderEliminarÉ verdade que o que de melhor falam da escritora são os históricos, mas estou a ver que nem esses se safam... ou pelo menos alguns! Tenho de ler pelo menos o "Nunca me Esqueças", que é quase universalmente aclamado :)
beijinhos!
Obrigada pelo teu comentário Mariana, assim não me sinto tão sozinha porque às vezes sinto que eu é que sou demasiado crítica. Que o problema não é do livro, é meu XD
EliminarNo meu dicionário não existe o termo "demasiado crítica". Eu própria gosto de rever coisas ao pormenor :) e gosto destas opiniões.
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