Emily Brontë conta-nos uma história, que tem lugar há muitos anos atrás, através de várias personagens, numa teia de narradores, diálogos e descrições.

O primeiro narrador é Mr. Lockwood que posteriormente passa a ouvinte de Nelly. Achei esta troca de narrador bastante confusa, tal como o uso dos apelidos para se dirigir às personagens, o que devido à ligação familiar entre elas torna tudo muito semelhante e, mais uma vez, confuso.
Só no último terço é que comecei a interligar e a encaixar todas as peças e a distinguir personalidades e identidades. O cenário não é muito abrangente, mantendo-se sempre na área em volta do Monte dos Vendavais ou da casa dos Linton, mas não considero isso negativo, pois, Emily, com a sua linguagem erudita e eloquente, muito da sua época, descreve e desenvolve bem toda a acção em tão pouco espaço.
Apesar da complexidade das personagens, achei que não havia grande variedade e sim demasiado drama pois, no geral, 80% dos indivíduos ou são doidos, ou doentes, ou estão sempre a chorar.
Apesar de tudo, gostei do final, que, ainda que um pouco indirecto, é, felizmente, revelador.
O Monte dos Vendavais é uma das grandes obras-primas da literatura inglesa. Único romance escrito por Emily Brontë, é a narrativa poderosa e tragicamente bela da paixão de Heathcliff e Catherine Earnshaw, de um amor tempestuoso e quase demoníaco que acabará por afectar as vidas de todos aqueles que os rodeiam como uma maldição. Adoptado em criança pelo patriarca da família Earnshaw, o senhor do Monte dos Vendavais, Heathcliff é ostracizado por Hindley, o filho legítimo, e levado a acreditar que Catherine, a irmã dele, não corresponde à intensidade dos seus sentimentos. Abandona assim o Monte dos Vendavais para regressar anos mais tarde disposto a levar a cabo a mais tenebrosa vingança. Magistral na construção da trama narrativa, na singularidade e força das personagens, na grandeza poética da sua visão, nodoso e agreste como a raiz da urze que cobre as charnecas de Yorkshire, O Monte dos Vendavais reveste-se da intemporalidade inerente à grande literatura.
Edição - Outubro 2009