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Opinião Contemporânea: "Os 10 Mandamentos de uma Mãe Imperfeita" de Carmen Garcia

janeiro 22, 2019 Inês Santos 0 Comments


Como já disse quando ele chegou cá a casa, este livro não está dentro do género do blogue nem das temáticas, mas sendo o meu primeiro livro lido do ano e achando que além de sério tem também um pouco de comédia resolvi comentá-lo e inseri-lo no género de contemporâneo, já que se passa e é a realidade dos nossos dias de hoje (e de ontem e até de amanhã). Mas sem dúvida que vai ser filho único.
Os 10 Mandamentos de uma Mãe Imperfeita conta a história de uma enfermeira e bloguer alentejana que além de ter muito sentido de humor também é uma mulher com M, se me permitem a expressão.
O livro inclui muitas das dificuldades que ela passou nestes anos mais recentes, desde que ficou grávida até aos dias de hoje. As dificuldades e a lutam não passam só pela nova realidade da maternidade mas também pelas redes sociais e por quezílias que existem entre mães e pais. E reforço já este ponto masculino, em que Carmen Garcia é muito benevolente e do pouco que se refere a eles são só coisas positivas, mas eu já li comentários no Facebook muito tristes e revoltantes vindos deles (piores que certas mulheres), já para não falar do que assistimos. Mas assistir sem ainda ter moral para comentar é uma coisa, outra coisa é um homem com três filhos ofender uma mãe de primeira viagem que ousou dizer que os enjoos estavam a tornar esta gravidez um estado de não-graça!
Mas voltando ao livro, a autora divide-o em 11 partes, os 10 mandamentos e um extra muito fofo. Cada mandamento e cada conselho que ela nos dá é sempre em prol da imperfeição. Aqui Carmen tem uma posição muito clara e certa do que acha, posição que esta foi criando desde a gravidez do primeiro filho e que ela nos vai contando aos poucos e dando bastante exemplos, incluindo uma história e algumas anedotas. Outras temáticas aqui faladas são algumas tabus, como o que acontece na sala de parto, e até da surdez infantil.
A minha parte preferida é sem dúvida as questões de mães nos grupos das redes sociais e as respostas que o seu alter ego Mãe Imperfeita responde. Aqui conseguimos distinguir bem perguntas ingénuas e perguntas ignorantes que mulheres adultas colocam ainda antes de ir ao Google, e se franzimos o sobrolho perante elas, damos grandes gargalhadas com as respostas.
Confesso que me inscrevi recentemente num grupo ou outro porque me indicaram, mas que já estou arrependidíssima já que os erros ortográficos que a autora se dá ao trabalho de corrigir são ainda piores do que os que via nos grupos das unhas de gel e na extensão de pestanas, razão principal pela qual saí deles e que brevemente vou sair destes.
Agora que o terminei, tem poucas páginas e como tem pequenas ilustrações em todas as páginas ainda se torna mais rápido de ler, fiquei satisfeita por ter começado por aqui, por um livro que não trata de regras, estudos científicos, ou "do que deves fazer", trata sim descrições muito mais realistas e credíveis que corroboram a ideia que tinha da maternidade, apesar de pessoas próximas ainda hoje me tentarem levar para o "mundo cor-de-rosa" que está tão assente nas mulheres.
Não quero deixar de agradecer à autora pelas boas gargalhadas que tenho dado desde que descobri o seu blogue nem de deixar aqui muito apoio e força para a luta que ela trava todos os dias contra o fundamentalismo. O truque é mesmo não nos tornarmos fundamentalistas na oposição e continuar a revirar os olhos e a ignorar o que sabemos que na nossa consciência não é o que para nós é o mais certo. Tal como na religião, neste assunto cada um acredita no que quiser e está muito errado impingir aos outros só porque achamos que aquilo é o melhor para nós. Há que acreditar na ciência, na medicina, na espiritualidade, mas sem extremos e com consciência que as nossas escolhas não nos vão afectar só a nós e sim a novas pessoas indefesas.
Por fim, este livro não é só para futuras, novas ou mães doutoras neste curso. Aqui temos temáticas variadas, sobre lutas na vida. Tal como lemos um livro sobre o cancro e nunca o tivemos nem iremos ter, também acho que mesmo não tendo filhos não nos faz mal nenhum ler livros sobre a realidade de mães que poderia ser a história na nossa mãe ou da nossa avó.

Era uma vez uma mãe que tinha inveja das fêmeas rato, fez cocó durante o parto, quase enlouqueceu no puerpério e escolheu dar papas industriais ao filho. Um dia essa mãe decidiu assumir publicamente a sua imperfeição e foi escrevendo sobre o outro lado da maternidade. Este livro é uma continuação da cruzada a favor da imperfeição que a autora, estrela em ascensão nas redes sociais, tem vindo a desenvolver nas suas páginas. Escrito num tom bem humorado, pretende desmistificar os dogmas da maternidade, mostrando a realidade das dificuldades inerentes à educação de um filho.

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