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Opinião da Ne: "Rainha Vermelha" de Victoria Aveyard

março 18, 2021 Inês Santos 3 Comments


A saga da Rainha Vermelha, única de Victoria Aveyard, sempre fez cocegas na minha curiosidade, principalmente pelas suas capas. Pela experiência, decidi não ir a correr ler o primeiro livro mal saiu e arriscar depois gostar e não ter mais para ler. Ou gostar e querer ler a seguir e ter que esperar. Dramas literários! Enfim. 

Entretanto, numa promoção, comprei 4 dos 5, já que o último, Tempestade de Guerra, foi dividido em dois, e fiquei logo com a colecção em casa. Mas devido a uma paragem prolongada nas leituras nunca lhes peguei. Até agora! 
A ideia até era ler o novo de Jojo Moyes, mas navegando pelo Instagram encontrei uma página de fanart, arte esta de distopias e ficção, quase tudo das personagens de Sarah J. Maas. Ora deu me o clique e pronto. Tive que começar a ler a Rainha Vermelha, já que era o mais parecido em livro que tinha na estante. 
Falando então do que interessa: o primeiro livro.
Para falar deste livro tenho que começar pelo que menos gostei, que é pouco, para depois avançar para a parte mais suculenta e depois o topo do bolo. E o que menos gostei foram... as descrições. Percebo que a autora tem que descrever este mundo diferente da nossa realidade, tentar que visualizemos o que a sua imaginação criou, mas perde-se demasiado em pormenores que só vão acrescentar linhas às páginas e nada à história. O que me interessa os pormenores das janelas? Interessa sim o suficiente para saber o ambiente, mas neste livro queremos é acção, drama, confusão.
Antes de falar das personagens tenho que falar também de uma mania minha, que umas vezes corre bem e outras vezes nem por isso. Foi o caso! Como fui ler as sinopses todas acabei por saber informação que acabou com o efeito surpresa de uma das maiores, se não A reviravolta deste livro. Por isso não façam como eu e não vão ler nada. A maior qualidade desta autora são as reviravoltas, ou chamados twists, que ela prima nos seus livros. E isso é muito importante para aquele "baque" que sentimos no peito quando somos completamente surpreendidas e sem palavras. Todos os livros têm o seu, ou os seus, e o segredo é uma frase que ela repete imensas vezes: "todos podem trair". Foquem-se nisto e não confiem em nenhuma personagem, nem na própria protagonista. Conselho de amiga!
Posso já adiantar que não aprendi a lição com o segundo livro, mas aqui não fui eu que procurei. A informação veio ter comigo, não me apanhando tanto de surpresa quando a reviravolta aconteceu. Aliás, no segundo livro já aprendemos muito bem que todas as personagens podem ser traidoras. TODAS! Preparem-se para estarem sempre desconfiadas(os), para pensarem que tudo o que é dito e todas as acções descritas têm segundas intenções. O que acaba por ser um jogo engraçado, porque tal como num thriller em que quando começa aquela música de fundo sabemos que aí vem alguma coisa que nos vai fazer saltar da cadeira, aqui vamos ter sempre esse sentimentos de tensão e expectativa, e depois ou podemos ser surpreendidos ou desiludidos. O melhor é que vamos querer sempre ser surpreendidos, mesmo que seja com alguma coisa que nos fere o coração e nos vai deixar tristes durante uns capítulos.
Como romântica, as cenas mais intimas também me desiludiram um pouco. Victoria Aveyard devia pedir uns conselhos a Vi Keeland de como descrever uma boa cena, um bom beijo, ahahah. O romance está sempre presente, mas na teoria, porque na prática, nem mesmo lendo duas vezes, uma pessoa fica aguada.
Falando das personagens, vou fazer uma apresentação rápida, temos Mare, a protagonista Vermelha, Kilorn, o seu melhor amigo de olhos verdes também Vermelho, a família de Mare, os príncipes Prateados Cal e Maven, o rei e a rainha e as casas de Prateados. Os personagens ainda são num número razoável o que no inicio me confundiu um pouco. Tentei imaginá-los o melhor possível, mas a autora gosta mais de descrever cenários que personagens. Por exemplo, ainda hoje que vou no terceiro livro, não consigo visualizar bem Kilorn, o que é uma pena porque sei que é um bom personagem, por dentro e por fora.
A família de Mare também são personagens presentes e activas que nunca são esquecidas ao longo dos livros, o que acrescenta um ponto positivo pelo apoio que dão a Mare. Uns mais que outros vão ter papeis tão importantes como Kilorn, por exemplo.
Mare e Cal são as verdadeiras peças. Sinceramente não engracei com Maven e a minha dúvida sempre foi entre o Prateado Cal e o Vermelho Kilorn, mas como nunca tive grande tendência para o vermelho... Aqui, com estas duas cores tão divergentes, a autora acaba por reproduzir uma situação bem real: o racismo. Aqui a raça Prateada acha-se superior por terem poderes e trata os Vermelhos como escravos autênticos, com desprezo, superioridade, humilhando-os constantemente. Mas o principal vão ser as escolhas e a lealdade tanto de Mare como de Cal em relação ao seu sangue. Querem lutar contra a divisão de sangues, defender a uniformidade, o direito de equidade para todos, mas durante o livro as suas escolhas e até pensamentos pendem sempre para o mesmo lado, porque a educação e as nossas vivências tornam isso muito difícil. Mare sempre viveu como Vermelha, ladra, pobre, a olhar para os Prateados como realeza e a temê-los, enquanto que Cal faz parte dessa realeza, e apesar de não apoiar os maltratos alheios sempre foi subjugado pelo pai e sobre a sua posição de príncipe. Estas vão ser as suas maiores lutas, tal como seguirem o seu coração, mas a autora não facilita nada. Nem em relação a Maven, nem Kilorn. Vai haver aqui uma teia muito intrincada e emaranhada que Mare vai tentar resolver e não o consegue neste primeiro volume.
Isto sobre as relações pessoais, mas aqui neste livro de ficção temos muito mais. As traições, as verdadeiras e falsas caras, personagens como Julian, segredos do Passado como o que aconteceu à mãe de Cal e Maven, a Guarda Vermelha... Tanto recheio que este bolo tem! Dava para distribuir por mais uns dois ou três sem se ver o fundo. Não me vou alongar muito porque vou acabar por fazer spoilers, mas na opinião do segundo vou poder desenvolver um pouco mais sobre este "recheio".
Falta falar dos poderes que surgem por aqui. Curiosamente não os comparo com os X-Men, mas tenho tendência a comparar esta história com sagas como Os Jogos da Fome, talvez por haver arenas e uma espécie de gladiadores, haverem as várias facções, lutas com armas e técnicas próprias de cada um, e principalmente por haver este rei e esta rainha e este lado Prateado rico e esbanjador que gosta de ver sofrimento como entretenimento, enquanto os Vermelhos tentam sobreviver com o pouco que têm, além de haverem cidades com produção especificas, como uma cidade que só produz tecnologia. Por outro lado, a personagem de Mare faz-me lembrar tanto Celaena, nunca lhe chegando aos calcanhares apesar de tudo. Mesmo com os seus raios e tempestades.
Esqueci-me de falar das capas que são lindíssimas!
Rainha Vermelha é mesmo uma obra muito completa, que através da ficção, cenários e trama, cria um mundo rico em segundas intenções, segundos significados, muitas histórias por revelar, muita acção por acontecer. Não é perfeita, mas é perfeita para nos algemar ao livro e a dificultar a nossa libertação.
Brevemente a minha opinião do volume seguinte, Espada de Vidro.
 
O mundo de Mare, uma rapariga de dezassete anos, divide-se pelo sangue: os plebeus de sangue vermelho e a elite de sangue prateado, dotados de capacidades sobrenaturais. Mare faz parte da plebe, os Vermelhos, sobrevivendo como ladra numa aldeia pobre, até que o destino a atraiçoa na própria corte Prateada. Perante o rei, os príncipes e nobres, Mare descobre que tem um poder impensável, somente acessível aos Prateados.
Para não avivar os ânimos e desencadear revoltas, o rei força-a a desempenhar o papel de uma princesa Prateada perdida pelo destino, prometendo-a como noiva a um dos seus filhos. À medida que Mare vai mergulhando no mundo inacessível dos Prateados, arrisca tudo e usa a sua nova posição para auxiliar a Guarda Escarlate - uma rebelião dos Vermelhos - mesmo que o seu coração dite um rumo diferente.
A sua morte está sempre ao virar da esquina, mas neste perigoso jogo, a única certeza é a traição num palácio cheio de intrigas. Será que o poder de Mare a salva... ou condena?
 
Classificação: 4/5 Cupcakes
 

3 comentários:

  1. "O romance está sempre presente, mas na teoria, porque na prática, nem mesmo lendo duas vezes, uma pessoa fica aguada." 🤣🤣🤣 O que me ri com isto! É triste mas é verdade. A autora bem que precisava de uma ajudinha nesta área. E não vou dizer mais nada como fiz no comentário do 2º livro.
    Mas tens razão - as capas são lindíssimas. Simples, mas bonitas (e houvesse mais deste género ou a inspirar-se no conceito destas capas ou simplesmente a não deturpar o que é feito de bom no original OH MERCADO EDITORIAL PORTUGUES QUE ANDA A ESTRAGAR AS CAPAS TODAS!!!)

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    1. verdade. devem andar a poupar no designer gráfico XD ou então nos direitos de autor das capas dos originais. deve ser mais barato só comprar o texto

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