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Opinião Histórica: "Os Bebés de Auschwitz" de Wendy Holden

março 04, 2020 Inês Santos 0 Comments


Os Bebés de Auschwitz foi um livro moroso de ler. Não só no espaço de tempo (comprado em Setembro de 2016, começado em Abril de 2018 e retomado agora em Junho) mas porque quando o comecei tive que fazer uma pausa, que se estendeu por mais de um ano até tomar coragem e decidir lê-lo até terminar. A vontade de fazer mais pausas foram muitas, não só pelas cenas descritas, mas porque a informação histórica é muita e eu, sendo péssima a história e a decorar datas e nomes, principalmente alemães e checos e etc, acabei por não conseguir absorver como queria essa parte da história. Confesso que os pormenores que se mantêm na minha memória são os humanos e não os registos como as datas e nomes; mas penso que aqui o importante era contar a história destas três mulheres e das suas famílias e das muitas outras milhares de famílias.
Wendy Holden perdeu um pouco no inicio por ter intercalado as três histórias e depois ter quase misturado tudo. Muitas das citações e testemunhos não são destas três protagonistas, Priska, Anka e Rachel, mas sim de "companheiras de viagens" e outras testemunhas. Digo isto para explicar o porquê de não ter dado a classificação total.
Voltando ao conteúdo, aqui não há forma de criticar algo, porque são histórias reais, relatadas e expostas com algum pormenor que mostram a repetição de cenas impossíveis de acreditar que de facto aconteceram. Cenas testemunhadas por milhares de pessoas em que apenas só algumas se arriscaram a ajudar. Estes cúmplices chocaram-me tanto como os milhares de criminosos que apoiaram Hitler. Este último é só um, mas quem aplicou todas aquelas torturas anos a fio na prática foram os soldados e outros simpatizantes.
Confesso que sabia pouco e que o facto de com este livro ter todo um rol de informação mais pormenorizada não me deixou mais descansada ou satisfeita e sim com fome de saber mais, por muito que custe ler. Mas temos que saber! Temos que ter noção, para não deixarmos que aconteça, pelo menos se um dia acontecer aqui perto de nós. Espero ser espelho daqueles que atiraram pão para dentro das carruagens. Espero ser daqueles que enfrentam os soldados, mesmo que corra o risco de levar um pontapé ou um tiro. Porque por muitos que eles fossem, os espectadores foram muitos mais! O povo é sempre maior! Mas infelizmente os cobardes também. Tal como os ignorantes.
Muita gente me disse para não ler este livro estando grávida, mas cada vez tenho mais a certeza que foi lido na altura certa. A empatia é enorme e via-me muitas vezes a sentir-me culpada por estar no meu confortável sofá, com pernas elevadas, a garrafa cheia de água ao lado enquanto aquelas mulheres no mesmo tempo de gestação que eu, com menos 50 quilos que eu, ali a passarem por tudo aquilo. A vontade é saltar para dentro do livro e ajudar ao máximo. E por isso o sentimento de culpa e impotência é enorme e o coração ainda se aperta mais. Respondi a quem me dizia para parar que perante tais histórias não podemos deixar de valorizar o muito que temos.
As histórias destas três mulheres foram as mais felizes, mas a autora podia também ter dado "protagonismo" a outras cujo final delas ou dos seus bebés não o tiveram. É triste, mas penso que também mereciam aqui um lugar mais destacado principalmente por isso, por não terem tido a mesma "sorte" de Rachel, Priska e Anka.
Mas não estou aqui para comentar a história e sim o livro, se não faria aqui uma dissertação de n páginas. Da história só espero conter o máximo de pormenores possíveis porque não quero esquecer nada.

Entre as vítimas do Holocausto enviadas para Auschwitz em 1944, três mulheres levavam consigo um segredo quando passaram pelos portões do infame campo de concentração.
Priska, Rachel e Anka estavam grávidas de poucas semanas, enfrentando um destino incerto longe dos seus maridos. Sozinhas, assustadas, e após terem perdido tantos familiares às mãos dos nazis, sentiam-se determinadas em lutar pelo que lhes restava: as vidas dos seus bebés.
Estas mulheres deram à luz em circunstâncias inimagináveis, com intervalos de semanas entre si. Quando nasceram, os bebés pesavam menos de 1,5 Kg cada, e os seus pais haviam sido assassinados pelas forças alemãs, enquanto as mães se haviam transformado em «esqueletos andantes».
Os Bebés de Auschwitz segue a incrível história das mães: primeiro em Auschwitz, onde sofreram o escrutínio cruel de Josef Mengele, o médico nazi conhecido como Anjo da Morte, que selecionava as mulheres grávidas à entrada do campo, destinando-as às câmaras de gás; depois num campo de trabalho alemão onde, esfomeadas, lutaram por esconder a sua gravidez; e, por fim, durante a viagem infernal de comboio, que durou 17 dias, até ao campo de concentração de Mauthausen, onde viriam a ser libertadas pelos Aliados.
A biógrafa Wendy Holden descreve toda a história com minúcia, destacando a coragem destas mulheres e a bondade dos desconhecidos que as ajudaram a sobreviver. "Os Bebés de Auschwitz" é um livro comovente e uma celebração da nossa capacidade de amar, ajudar e sobreviver mesmo nos contextos mais tenebrosos.

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