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Opinião Young-Adult: ''The Hate U Give/O Ódio que Semeias'' de Angie Thomas

novembro 18, 2017 Mafi 0 Comments



Lançado em Setembro pela Editorial Presença, ''O Ódio que Semeias'' é um livro obrigatório que nos dá uma chapada na cara e acorda-nos para uma realidade actual.

Este era um dos livros que eu mais tinha expectativa. Para além das boas opiniões de fora, era um livro que eu sabia que iria ser algo único, do qual eu nunca tinha lido nada semelhante. Não me enganei. Acreditem que não é cliché quando digo isto, é mesmo a mais pura verdade. Não é comum ler livros escritos por autores negros. Aliás, assim de repente, só me lembro da Dorothy Koomson e da Nicola Yoon. A Dorothy tem sempre personagens negras mas mas escreve livros mais adultos. Este é um YA, virado para os jovens e com potencial para abrir muitos olhos e mentalidades e poder mudar um bocado a visão de quem um dia irá governar este mundo.

Hoje em dia lidamos com demasiado ódio em todo o lado: é ataques terroristas, é guerras, é crises políticas entre o Ocidente e o Oriente, é refugiados. Ainda assim, como não nos afecta directamente, parece que continuamos a dormir ou de olhos fechados. Este livro tem a capacidade de acordar-nos um pouco. Não tem a solução para todos estes problemas mas pelo menos serve para consciencializar a maneira como o ódio, o racismo e as desigualdades sociais ainda estão tão presentes hoje em dia. 

O tema do livro é a o assassinato de um jovem, Khalil, e a testemunha de Starr, a nossa protagonista. Inspirado em eventos semelhantes que ocorreram há pouco mais de 2 anos nos USA, ''O Ódio que Semeias'' levanta muitas questões. É um livro forte, com bastantes alusões a hábitos, expressões,  influências e referências destas comunidades, como por exemplo Tupac, uma das inspirações deste livro e autor de uma parte do  título original: ''THUGLIFE'' que significa The Hate U Give Little Infants Fuck Everbody

Através da visão desta adolescente de 16 anos, conseguimos entender bem o que é a injustiça. O que é sentirmos-nos impotentes perante uma sociedade que despreza se a cor da tua pele for escura. É um livro que revela que mostra bem que ''white privilege is real'', ou seja por mais que digam, quem é branco tem privilégios que muitos não tem, mesmo que se insista que há igualdade social. Tudo isto não passa-se só na América mas no mundo inteiro. 

Esta dualidade é nos dada em primeira pessoa pela Starr, vive num bairro que é o seu mundo, onde pode ser quem é, mas que não é reconhecida além de ''ser filha do dono da mercearia''. Depois temos a Starr da escola onde frequenta, uma escola onde são quase todos brancos. Ali, Starr sabe que não deve falar demasiado alto, tem de comportar-se de uma demasiada maneira. Mas ali é popular, é conhecida e acarinhada pelas amigas, professores e pelo namorado que é branco. Vive numa crise constante por nunca conseguir ser a Star verdadeira, por nunca conseguir misturar os seus dois mundos.


Embora a morte de Khalid seja o tema recorrente ao longo do livro, a evolução da Starr é o grande trunfo do mesmo. Começamos com uma Starr assustada e abalada para uma Starr rebelde que procura justiça e não descansa enquanto não a tiver. 

Seria injusto mencionar só o papel da Starr quando todo o núcleo de personagens secundárias é tão forte e improtante quanto ela. A família da Starr é magnífica e até os criminosos do bairro são importantes na história. Talvez o único ponto fraco do livro tenha sido a história das amigas, especialmente a Haley que irritou-me profundamente. Tirando isso, mais nada me incomodou no livro, até o romance é bom, especialmente pelo facto da Starr ser negra o namorado não e como isso também afecta a comunidade afro. 

Gostei imenso deste livro, para mim está no top de livros de 2017. Aconselho a toda a gente, acho que todos podemos aprender um bocadinho com este livro. A autora está de parabéns pelo seu trabalho de estreia e a fasquia para o próximo livro está elevadíssima! 


Starr tem 16 anos e move-se entre dois mundos: o seu bairro periférico e problemático, habitado por negros como ela, e a escola que frequenta numa elegante zona residencial de brancos.
O frágil equilíbrio entre estas duas realidades é quebrado quando Starr se torna a única testemunha do disparo fatal de um polícia contra Khalil, o seu melhor amigo.
A partir daí, pairam sobre Starr ameaças de morte: tudo o que ela disser acerca do crime que presenciou pode ser usado a seu favor por uns, mas sobretudo como arma por outros.
Um poderoso romance juvenil, inspirado pelo movimento Black Lives Matter e pela luta contra a discriminação e a violência.



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