Opinião Contemporânea: ''Harvesting the Heart'' de Jodi Picoult

Primeiro livro de Jodi Picoult de 2018.

Jodi Picoult foi outrora uma autora que cada livro que saía eu comprava e lia imediatamente. Mas o tempo foi passando, fui descobrindo muitos outros livros e aconteceu o inevitável, fui acumulando vários títulos desta autora que tanto adoro.

O mais antigo que estava cá em casa era este, que comprei em 2011 na FNAC numa edição em paperback de bolso que pelo tempo que teve na estante está bastante envelhecida devido a fraca qualidade do papel.

Tendo já lido a maioria dos livros da autora, vi-me curiosa com este livro mas infelizmente é um dos livros mais fracos da autora. 

Temos apenas dois pontos de vista, que é algo que não é muito comum na autora. Paige, já está na fase adulta mas ainda sofre com o abandono da mãe enquanto era uma criança. Aos dezoito, ela própria deixa o pai e aventura-se sozinha na vida de adulta. Contudo os seus planos mudam quando conhece Nicholas, um estudante muito promissor de medicina. Os dois casam-se muito precocemente e com uma gravidez inesperada, Paige encontra-se mais perdida que nunca, sentindo-se uma inútil com o seu pequeno Max, embora aos olhos de todos ela é uma boa mãe. Mas as dúvidas sobre o porquê de ter sido abandonada pela mãe atormentam-na e acaba por repetir a mesma façanha: deixa Max aos cuidados de Nicholas e parte em busca de um paradeiro da mãe. 

A sinopse ao inicio pareceu-me bem interessante, porque conhecendo já o estilo da autora, já esperava muito drama e tribunais e questões morais sobre o certo e o errado. Na verdade não temos muito disso aqui, ou melhor temos alguns indícios mas a autora nunca acaba por explorar a fundo algumas questões. 

Não é um livro pequeno, tem quase 500 páginas mas digo-vos que tem muita palha, inclusive um capítulo inteiro dedicado a uma amiga de infância da Paige que nunca chega a aparecer e que só serviu para caracterizar a Paige. Como o livro alterna entre o presente e o passado, acompanhamos toda a infância da Paige e embora alguns episódios sejam depois importantes no presente, a autora perde-se muito na sua própria história, repetindo factos, não uma, não duas mas três vezes! 

Eu gostei muito do romance inicial entre a Paige e o Nicholas pela sua diferença. Eles não tem nada a ver um com o outro e eu adoro romances onde os opostos atraem-se. Como em qualquer relação, depressa essa atracção torna-se em conflito por serem personalidades pouco compatíveis. O Nick irritou-me muitas vezes, especialmente na parte em que pensa que cuidar de um bebé em casa todos os dias é fácil. Felizmente depois provou do seu próprio veneno e em certa parte acabou por ser o pequeno Max a resolver as coisas entre os pais. 

Por falar em pais, não gostei da mãe da Paige, e toda a história do abandono e as suas razões, não me convenceram. Mas quem sou eu para falar. No entanto os pais do Nicholas redimiram-se muito no final do livro. É o típico cliché de pais controladores que não gostam da namorada do filho mas que depois no fundo percebem que afinal ela até é boa pessoa. 

O fim foi satisfatório, é até um final um bocado em aberto mas não foi mau. 

Está claro aqui que Jodi Picoult ainda não tinha a mestria que agora tem mas também não é um livro assim tão mau. Lê-se bem mas já tendo lido muitos livros melhores da autora, este soube a pouco. Curiosamente embora já tenha sido publicado em 1993, nunca chegou a sair cá em Portugal.