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Opinião Contemporânea: "Lobo solitário" de Jodi Picoult

março 28, 2016 Mafi 6 Comments




Se alguma vez já leram Jodi Picoult, não ficarão desiludidos com este "Lobo Solitário". Se nunca leram, preparem-se para uma aventura de surpresas e emoções. 

Apesar de todos os livros da Jodi serem de alguma forma polémicos e controversos, abordando temas sensíveis e pouco debatidos, é por isso que gosto tanto desta autora, porque é das poucas que me faz realmente pensar e analisar o livro de um ponto de vista pessoal, perguntando-me o que faria eu se fosse a protagonista desta estória.

A trama principal é centrada na personagem de Luke, um homem que teve um acidente e encontra-se em coma ou em estado vegetativo. Luke, adora a vida animal e viveu durante dois anos com lobos num habitat selvagem deixando para trás Georgie, a mulher e Cara e Edward, os seus dois filhos. Georgie refez a vida e casou-se com Joe, um advogado, e Edward afastou-se da família partindo para Tailândia.  Apesar de não ser muito fã de animais selvagens, achei o ponto de vista de Luke - onde relata várias as experiências que viveu com os lobos e como funciona uma alcateia - interessantes mas não fascinantes. Contudo, estes capítulos denotam uma investigação aprofundada sobre a vida animal dos lobos e a autora merece o louvor em conseguir captar a atenção do leitor mas sem ser demasiado cientifica e com termos que sejam complicados para um leitor leigo. Embora não tenha ficado maravilhada com as descrições da hierarquia de uma alcateia, achei fascinante o amor que Luke sentia por estes animais e a forma como se identificava tão bem com eles, tornando-se ele um lobo solitário, apenas compreendido e aceite numa comunidade animal e selvagem.

O ponto central do livro desenrola-se em torno da eutanásia, apesar de tal termo nunca aparecer no livro. Edward sabendo que o pai queria ser doador de orgãos, vê-se no direito de desligar as máquinas obedecendo à vontade do pai, já Cara, que esteve no mesmo acidente que vitimou o pai, saindo apenas com ferimentos ligeiros, não sente o mesmo pois acredita que o pai ainda vai recuperar, apesar de haver quase uma certeza que Luke não irá recuperar e irá continuar em estado de coma durante muitos anos.

Aqui assistimos à dor e drama desta família desmoronada e em guerra, tentando tomar uma decisão que seja fiel à vontade de Luke. Cara tenta a todo o custo lutar pela vida do pai, mas Edward não cede. Aliás acho que a definição de família tem um peso importante na análise do livro. Luke praticamente só se sentia bem rodeado dos seus lobos e até é bastante irónico a autora mostrar tanta dedicação de Luke a uma alcateia quando ele próprio nem conseguia sentir-se integrado no seu meio familiar. Sendo que hoje em dia é tão debatido a definição de uma família normal, achei interessante que a autora mostrasse que por vezes uma família não sei baseia em laços de sangue.

Quanto às personagens não posso dizer que não tenha gostado do Edward mas gostava de te visto mais argumentos da parte dele e mais força em querer ganhar o caso...não sei mas pareceu-me que as razões da Cara eram mais evidentes. Não fiquei muito convencida com o Edward embora eu também achasse que fosse o mais correcto a fazer mas isso é porque sou céptica em milagres e pessimista em que estes não irão acontecer.

O final (epílogo) foi subtil pois a autora não dá a entender bem o que aconteceu depois do que acontece no último capítulo e sinceramente até achei dispensável. Quanto à decisão final entendi que o final foi o mais adequado e pôde-se ver que há males que vêm por bem. Gostava era de ter sabido como Edward e Cara seguiram com a vida depois da decisão que tomaram. 

Mais um bom livro de Jodi Picoult que levanta questões éticas e morais com um desfecho que pode não ser do agrado de todo o leitor, mas que recomendo pela reflexão sobre a vida, a morte e como as nossas acções têm as consequências que muitas vezes não queremos.

Quando um lobo sabe que o seu tempo está a terminar e que já não é útil à sua alcateia, muitas vezes escolhe afastar-se. Morre assim afastado da sua família, do seu grupo, mantendo até ao fim todo o orgulho que lhe é próprio e mantendo-se fiel à sua natureza.Luke Warren passou a vida inteira a estudar lobos. Chegou inclusivamente a viver com lobos durante longos períodos. Em muitos sentidos, Luke compreende melhor as dinâmicas da alcateia do que as da sua própria família. A mulher, Georgie, desistiu finalmente da solidão em que viviam e deixou-o. O filho, Edward, de vinte e quatro anos, fugiu há seis, deixando para trás uma relação destroçada com o pai. Recebe então um telefonema alarmante: Luke ficou gravemente ferido num acidente de automóvel com Cara, a irmã mais nova de Edward. De repente, tudo muda: Edward tem de regressar a casa e enfrentar o pai que deixou aos dezoito anos. Ele e Cara têm de decidir juntos o destino do pai. Não há respostas fáceis, e as perguntas são muitas: que segredos esconderam Edward e Cara um do outro? Haverá razões ocultas para deixarem o pai morrer… ou viver? Qual seria a vontade de Luke? Como podem os filhos tomar uma decisão destas num contexto de culpa, sofrimento, ou ambos? E, sobretudo, terão esquecido aquilo que todo e qualquer lobo sabe e nunca esquece: cada membro da alcateia precisa dos outros, e às vezes a sobrevivência implica sacrifício.Lobo Solitário descreve de forma brilhante a dinâmica familiar: o amor, a proteção, a força que podem dar, mas também o preço a pagar por ela.

 

6 comentários:

  1. Este livro já está na minha wishlist antes ainda de sair para as livrarias :D Adoro Jodi.

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  2. Para mim o epílogo foi muito especial. Foi uma maneira de ligar toda a história. Os orgãos de Luke foram doados ao miúdo do epilogo que ao ver um lobo o segue e não consegue deixar de sentir que está a voltar para casa. Foi uma bonita maneira de explicar que existe significado na morte e que um bocadinho de Luke continuava a viver dentro do rapaz.

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    1. Sim eu percebi mas preferia ter sabido o que tinha acontecido ao Edward e à Cara.

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  3. Este é um livro que quero muito ler! Gosto muito do estilo de Jodi Picoult.

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  4. Li logo que saiu mas achei um dos mais fraquinhos da autora. Há algumas coisas que podiam ter sido exploradas de outra forma. Não desilude, mas deixa um pouco aquém das expetativas que tenho para esta autora. Qualquer um dos outros livros dela é melhor que este, na minha opinião (e se ela tem livros bons, meu deus!).

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