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Opinião da Ne: Corações Feridos de Colleen Hoover

julho 08, 2022 Inês Santos 0 Comments

Sabem aqueles livros que sabemos que vamos ler de uma assentada? Aqueles livros que guardamos para ler mais tarde porque sabemos que vão ser tão bons e por isso preferimos esperar por um momento em que precisemos mais dele? Corações Feridos é um desses livros.

Já o tinha na versão brasileira, porque na altura adorei a capa, mas como ainda estava desiludida desde o Layla nunca lhe peguei. Agora a Topseller publicou e decidi que era hora de o ler em português.

Como já me conheço, e na leitura conjunta dividiram apenas em duas metas, preparei-me para lhe pegar apenas no dia da discussão da primeira meta. Tendo já essa experiência com outras leituras viciantes noutros clubes de leitura, esta é sempre a maneira mais segura porque assim leio, discuto e posso continuar até ao fim. Neste caso nem esperei pela meia-noite e em menos de 24 horas foi lido do início ao fim, todas as palavrinhas, algumas relidas.

"Por vezes, acredito que as personalidades são mais moldadas pelo mal que nos infligem do que pela bondade com que nos tratam."

Esta citação retrata tão bem a protagonista Beyah. Desde a primeira página manteve-se sempre fiel a si mesma, mas com uma bagagem bem grande e pesada às suas jovens costas. Começa com uma cena que vai mudar a sua vida, mas que nos poupa ao seu Passado, que depois irá sendo contado a pouco e pouco, mas que apenas com o primeiro capítulo conseguimos conhecê-lo quase na totalidade. Com os seus cabelos castanhos e olhos verdes, esta jovem vai representar muitos outros na questão das indecisões e decisões da vida, mas a sua alma é uma alma já bastante velha e sofrida e por isso é que a adorei e adorei ler a sua história. Esta é contada na primeira pessoa, mas Colleen como sempre tem o dom da palavra e soube expressar muito bem todos os seus medos, indecisões, arrependimentos e, principalmente, a sua força e inteligência.

Quando se muda para o Texas, quase sentimos o calor que se sente a arder na pele e o cheiro do mar. Fala-nos de muitos nascer do sol, preteridos aos pôr-do-sol, o que já diz muito sobre a história de Beyah e Samson. É talvez um dos romances mais leves da autora mas que tem sempre o seu quê de sofrimento da parte dos personagens; a empatia não foi só com a protagonista mas também com os seus "novos" familiares, tanto que uma das primeiras lágrimas foi de felicidade, numa cena com o pai e Sara.

Adorei Sara por romper com os esterótipos de menina rica. Não há aqui mean girls, mas sim uma miúda que mostra que mesmo tendo tudo o que é material, mas também familiar, não deixa de ter um coração de ouro e foi sem dúvida umas das prendas que a autora deu a Beyah e aos leitores. Adorei isso e todas as outras lições de vida que Colleen colocou nestas páginas. 

Falemos de Samson. Se gostam daqueles protagonistas lindos e misteriosos aqui o têm. Não vai revelar nada, excepto no final, o que nos faz criar mil teorias sobre o que ele verdadeiramente esconde. Acabei por descobrir um dos segredos, mas a verdadeira revelação que deu A reviravolta à história não a adivinhei e a autora colocou-a ali logo depois de um capítulo tão bom, tornando o choque muito maior.

A ligação com Beyah é bastante forte desde que se cruzam pela primeira vez, mas vamos poder assistir e acompanhar ao fortalecimento do laço que os une. É um dos amores mais puros que já li, tal como os seus corações. Apaixonei-me por este casal desde o início porque eles pareceram-me tão perfeitos um para o outro, e só vai ficando melhor à medida que avançamos.

Não estava à espera do final, mas também não pensei muito nele porque fui degustando capítulo a capítulo. Há um certo gap que não estava à espera, mas mesmo assim depois de acontecer pareceu-me o mais certo e o mais realista.

Como na maior parte dos romances românticos de Colleen Hoover, o nosso coração ou está a bater a mil ou pára de repente. Ou temos os olhos secos por nem piscarmos, ou estão a lacrimejar ao máximo. As emoções estão sempre ao rubro e por isso é que adoro estes romances dela! Depois de Layla, sem dúvida fizemos as pazes!

Sem dúvida um romance clichê de romance de verão, passado na praia, numa região de ricos, mas com protagonistas muito peculiares, sem fazer mas com grandes dramas, que nos fazem pensar que aquelas realidades existem e que nós devíamos dar mais valor ao que temos na nossa vida. E dar graças pela sorte que temos. Também gostei da referência aos distúrbios alimentares, que apesar de leve teve presença e marcou.

Com uma vida cheia de obstáculos, Beyah só pode contar consigo própria para alcançar um futuro melhor. Mas a poucos meses de concretizar os seus planos e deixar para trás um passado que preferia esquecer, um acontecimento inesperado obriga-a a seguir um novo rumo e procurar a única saída possível. É assim que, de um momento para o outro, se vê na Península Bolivar, no Texas, a passar os meses de verão com o pai, que mal conhece, decidida a deixar avançar os dias sem levantar grandes ondas.
Tudo muda quando conhece Samson, o vizinho da casa ao lado, que exerce sobre ela um estranho fascínio, apesar de nada terem em comum, pois ela vem de uma vida de pobreza e negligência e ele de uma família rica e privilegiada. No entanto, a convivência fá-los perceber que, apesar das suas diferenças, há uma tristeza inerente que os une e atrai.
É inegável que a ligação entre eles é intensa, mas os dois já traçaram o seu rumo e não querem perder o pé numa relação sem futuro. Só não estavam à espera de que a corrente pudesse arrastá-los para um mar profundo de emoções…

 

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