Kate Morton
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Opinião da Ne
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Porto Editora/5 Sentidos
Opinião Histórica: "O Segredo da Casa de Riverton" de Kate Morton
Grace, a personagem que nos relata passado e presente, é uma senhora de
98 anos que guarda uma história antiga e romântica na memória, mas que
decide partilhar com o neto que se encontra desaparecido, desde um
acontecimento trágico.
Através de um gravador, vai relembrando os anos 20 e de todas as pessoas
que fizeram parte da sua juventude, salpicando por vezes com o presente
da sua filha e de Ursula, uma personagem que lhe tras sentimentos
quentes e confortáveis.
Kate apresenta-nos então uma visão diferente e peculiar, que nos envolve
como uma história contada pela nossa avó, e onde podemos entrar pela
porta principal de um filme bastante descritivo.
Na minha opinião, a autora abusa um pouco das descrições, demasiado
objectivas, e que quebra um pouco a fluencia do que estamos a imaginar,
mas compensa com a sua fluidez e a facilidade com que nos leva a viajar
de 1919 para 1999, por exemplo. Fiquei bastante surpreendida com este
facto, pois num mesmo bloco de texto ela consegue colocar presente e
passado, sem que o leitor se perca no tempo. Incrivel mesmo!
O final foi bastante surpreendente tambem, ja que apesar de estar a
espera de algo parecido, ela guardou o segredo final mesmo para fim, e é
aí que todas as pistas que ela nos dá, mesmo as mais leves e que quase
nos escapa, se juntam todas e nos apercebemos do enredo e de tudo o que
levou àquele final. Além disso, a autora oferece-nos a chave para todo
esse entendimento por uma carta que deixará a todos de boca aberta.
Adorei, e recomendo sem dúvida. Aguardem por revelações, momentos
românticos, momentos tristes, contados na primeira e na terceira pessoa,
que vos vão fazer querer mais quando a página 471 acabar =).
Boa Leitura - eu tive-a.
Nota: a frase "Na fatídica noite da morte de Hunter, Hannah entrega um
medalhão com uma chave no seu interior, uma chave que abria um cofre."
da sinopse é só para enganar.
“O Segredo da Casa de Riverton” é o romance de estreia de Kate Morton,
autora australiana que não esconde o fascínio pelos anos que precedem a
1ª Guerra Mundial e pelos que imediatamente lhe sucedem.
E é neste contexto temporal, no seio da Inglaterra nobiliárquica, tendo
como cenário principal a velha mansão rural da família Hartford, a Casa
de Riverton, que as histórias que compõem esta obra se desdobram.
Uma realizadora americana interessada em contar a história do suicídio
do poeta R. S. Hunter ocorrido em Riverton em 1924, procura Grace, a
única serviçal que prestara serviço na antiga casa ainda viva.
O reencontro de Grace com memórias e segredos da família Hartford e
muito particularmente, a sua compreensão da proximidade com Hannah, uma
das filhas do Sr. Frederick, filho de Lord Ashbury, o Senhor da Casa de
Riverton, provocam um turbilhão de emoções na mulher prestes a completar
o século de existência e já entregue aos cuidados de um lar.
Recordar a sua chegada a Riverton com 14 anos, o seu primeiro contacto
com os 3 filhos do Sr. Frederick, a cumplicidade estabelecida sobretudo
com Hannah apesar da rigidez existente no que respeitava à conduta dos
criados, as perdas humanas que advieram da 1ª. Guerra Mundial, os sonhos
perdidos das crianças Hartford, tudo é relembrado por Grace com a
nitidez de quem esteve sempre presente, com a clareza de quem partilhou
segredos com quem vivia na parte superior da Casa.
O facto de Grace ter acesso aos segredos maiores da família (incluindo o
próprio segredo da sua existência) que acompanhou ao longo de mais de
20 anos, tornam-na a principal fonte de informação para a realizadora,
sobretudo no que dizia respeito aos hábitos e ao ambiente da Casa de
Riverton na época em que o famoso poeta R. S. Hunter se suicidara junto
ao lago quando decorria uma festa na propriedade. E nós leitores tomamos
conhecimento das confissões mais íntimas de Grace, temos acesso aos
seus pensamentos nunca verbalizados, segredos que prometera nunca
partilhar.
Na fatídica noite da morte de Hunter, Hannah entrega um medalhão com uma chave no seu interior, uma chave que abria um cofre.
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