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Opinião Contemporânea: "Teu Para Sempre" de W. Bruce Cameron

abril 27, 2018 Inês Santos 0 Comments


Teu Para Sempre foi um daqueles livros que compramos, colocamos na estante e pensamos: "logo que possa pego nele", mas que depois nunca acontece. Ora, este mês chegou o dia em que o filme desta ficção de W. Bruce Cameron estreou no TvCine e o meu marido decidiu gravá-lo e esperar para ver comigo, mas, felizmente, antes de o colocar para vermos apresentou-me primeiro o trailer o que acabou por me fazer um click ao qual respondi que quase de certeza tinha um livro na estante com uma sinopse semelhante. Et voilá! Claro que não vi o filme nesse dia e no dia seguinte comecei a lê-lo.
Hoje fico muito contente por não ter assistido ao filme pré-leitura, visto que quando o fui ver detestei e nem terminei de o ver. As disparidades eram demasiadas e saltaram imensas cenas iniciais importantes. Mas falemos do livro:
Toda a história de Toby, o cão que renasce, vai ser contada por ele próprio. Logo aqui adorei entrar, figurativamente, dentro da pele de um cão, desde que nasce até que ele morre, várias vezes. A sua primeira vida é tão curta que mal nos afeiçoamos a ele (o que claro, não é verdade, porque quem não adora cachorros), mas o facto de sabermos que ele vai renascer não me trouxe muita tristeza nem muito choque. Portanto, foi com bastante tranquilidade que li essa parte da vida deste cão, que com a sua inocência e curta experiência de vida nos conquista por ser tão fofo e engraçado.
Ao mesmo tempo que vamos acompanhando as vidas de Toby, que além de mudar de nome, vai mudando de raça, comportamento e companhia, vamos conhecendo personagens humanos e caninos secundários que enriquecem ainda mais esta obra.
A primeira mãe deste patudo é a mais marcante, tal como os irmãos. Vão nos também mostrar a ligação que há entre eles, que é completamente diferente de uma cadela que está habituada a parir apenas para os donos venderem os seus bebés. Ora, eu sou uma defensora de que os animais domésticos não são objectos e por isso não deviam ser vendidos. Dados, tudo bem, melhor que morto, mas obrigar uma mãe a acasalar para ter filhos de raça pura (o que geneticamente nunca é favorável) é condenável. Mas isto é outra questão, que, apesar de ser abordada neste livro, eu vou deixar para segundo plano.
Voltando ao nosso protagonista, este apresenta-nos as várias perspectivas de um cão, como por exemplo, em relação aos odores de acasalamento, ao que preferem do dono, ao que entendem em relação à brincadeira, a serem deixados sozinhos em casa, a andarem de carro, etc. O autor, repetindo-se algumas vezes, vai elucidar-nos sobre algumas questões que já nos passaram pela cabeça e outras que nem por isso.
Adorei o significado das várias ressuscitações e do exemplo do que devemos fazer com as nossas experiências. Adorei o facto dele ter noção que tinha vários propósitos e do amor cão-humano estar tão bem representado, tal como outros sentimentos como o ódio humano-humano e cão-humano, ou até cão-cão. Os comportamentos em matilha, os pressentimentos caninos, os cheiros, etc, é-nos descrito várias sensações e perspectivas e foi isso que achei mais enriquecedor à medida que ia lendo este romance ficcional, mas que desejamos que seja verdade, de forma a compreendermos melhor os nossos melhores amigos.
Não se deixem enganar pelo POV ser de um ser menos (?) irracional, porque vai dar toda uma nova luz a um livro cheio de cores e odores.
Outro ponto positivo é a acção e movimento constante das personagens. Os vários cenários e as várias lições de vida. É uma pena que o filme não transmita isto tão bem, mas de facto achei que ficou muito àquem do que o livro transmite, que vai para além do que é o amor de Toby por aquele rapaz. Acho que conta muito mais do que isso: conta sobre como eles se entregam, como nos protegem, como nos sentem, como se sacrificam e como se regeneram só para servirem os seus propósitos.
Confesso, que agora quando faço voluntariado no canil tento estudar os seus comportamentos e ler nos seus olhos, tentar percebê-los. Mas até agora não consegui, só consegui ter ainda mais paciência porque acredito mesmo que todos eles têm um coração de ouro e que têm muitas vidas para nos ensinar.
Sabia que ia adorar este livro, mas nunca pensei que o fosse adorar tanto.

O corajoso e meigo Toby persegue um sonho: amar e ser amado. O mundo dos afetos parece estar-lhe vedado mas ele não desiste. Serão necessárias várias reencarnações mas o seu destino está escrito há muito. E um dia, ele conseguirá mesmo a resposta para a grande questão: qual é o sentido da vida? Toby é um cachorro doce e sedento de amor. Após uma curta e trágica vida de cão vadio, ele fica surpreendido ao perceber que lhe foi dada uma nova oportunidade: o nosso herói nasceu de novo e tem um mundo de possibilidades pela frente. Mas a sorte não parece estar do seu lado e mesmo quando é salvo por uma mulher bem-intencionada, o seu fim é novamente solitário e tristonho. Na sua próxima reencarnação, será acolhido por Ethan, um menino de oito anos que lhe dá a conhecer as alegrias do amor e da amizade. Mas esta vida de cão de estimação mimado não encerra a sua jornada na Terra. Esperam-no ainda muitas emoções fortes e provações até o verdadeiro desígnio da sua vida lhe ser revelado. No seu desejo de amar e ser amado, Toby protagoniza uma jornada universal. Toby somos todos nós. E todos nós nascemos com um destino para cumprir.

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