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Opinião Histórica: "Toda a luz que não podemos ver" de Anthony Doerr

maio 15, 2015 Mafi 1 Comments



Se há livro pelo qual eu estava em pulgas para ler era o "Toda a luz que não podemos ver". Desde que soube que a Presença tinha comprados os direitos que aguardei (e aguardei) pelo lançamento que teimava em não chegar! Mas finalmente lá veio ele neste mês solarengo de Maio e agora que ele está lido, posso dizer que gostei muito mas não adorei. 

Numa multiplicidade de narrativas paralelas entre si, Anthony Doerr prova em "Toda a luz que não podemos ver" como é um bom contador de histórias.
Sou suspeita em falar sobre livros com a temática da Segunda Guerra Mundial. Dentro do período da História, é um dos períodos que mais gosto de ler, 

25458847Aqui acompanhamos um menino orfão - Werner - que vê-se envolvido no movimento nazista sem ter grande saída e uma menina cega - Marie Laure - que vive com o pai que trabalha no Museu de História Natural de Paris.

As duas linhas da história durante grande parte do livro são contadas separadamente, alternando-se em capítulos curtos. A narrativa do livro é bastante lenta, detalhada, intimista. Doerr gosta de escrever até ao detalhe mais mínimo, o que pode aborrecer os leitores mais impacientes (como eu).

A estória não é original, portanto são as personagens que fazem o livro. A minha preferida foi Marie-Laure, com a sua coragem que apresenta ao longo de toda a obra. Não é uma personagem complexa mas revela várias camadas de personalidade ao longo da obra e é fácil criarmos empatia com a mesma. Werner é outra personagem que irá ter o carinho do leitor, um menino preso à escola nazi, sem ter grande escolha mas que no fundo sabe que não se integra com os ideais do Nazismo. 
A paixão pelos rádios foi interessante de se ler. Não me lembro de ter lido nada assim e o autor foi inteligente em centrar o hobby de Werner nos rádios e o de Marie Laure nos livros clássicos, pois em tempos de guerra, o primeiro era um meio de comunicação necessário e nem sempre possível e o segundo era uma forma de esquecer o que se vivia. E é sempre bom lermos livros que falam de outros livros.

As personagens que fazem o livro vão para além das centrais. Há uma panóplia de personagens secundárias que são fundamentais à leitura. Como o pai de Marie-Laure que carrega consigo um bem valioso - um diamante que segundo as lendas carrega uma maldição; ou como Frederick, companheiro de escola de Werner que se interessa por pássaros e não se adapta ao regime militar, sendo vítima da força dos mais velhos.
A história do diamante foi fascinante para mim, ao principio até achei-a desconexa com o livro, e com toda a carga da maldição, já estava a pensar que ainda teríamos uma vertente sobrenatural no livro, mas não houve nada disso e gostei mesmo desta história, que depois faz todo o sentido. 

Posto os pontos positivos, passo aos negativos que não me fazem dar pontuação máxima ao presente livro. Como já referi, a lentidão da narrativa tornou o livro um pouco frustrante para mim, principalmente a partir do meio. Sabem quando temos aquela sensação que o clímax está quase a chegar e querem mesmo chegar a esse momento do livro? Aqui, o clímax é bem evidente, mas teimava em não chegar! As páginas passavam, os capítulos seguiam mas parecia que tudo desenrolava-se tão lentamente! Quando finalmente dá-se o encontro entre os protagonistas, pessoalmente fiquei um pouco insatisfeita, esperava muito mais daquele momento e principalmente da duração do mesmo. Quando lerem vão entender. Houve também capítulos (principalmente os da Marie Laure) que pareciam iguais e dava a sensação que a estória não desenvolvia. 

Os capítulos finais são um mimo para os leitores que acompanham o drama e a tragédia das 500 páginas anteriores. Gosto de livros em que conhecemos as personagens durante todas as fases da sua vida, e tal como acontece aqui, ficamos a conhecer tão bem essas personagens que diríamos que deixam de ser fictícias e bem podiam ser reais. 
É uma leitura que aconselho sem dúvida.

Marie-Laure é uma jovem cega que vive com o pai, o encarregado das chaves do Museu Nacional de História Natural em Paris. Quando as tropas de Hitler ocupam a França, pai e filha refugiam-se na cidade fortificada de Saint-Malo, levando com eles uma joia valiosíssima do museu, que carrega uma maldição. Werner Pfenning é um órfão alemão com um fascínio por rádios, talento que não passou despercebido à temida escola militar da Juventude Hitleriana. Seguindo o exército alemão por uma Europa em guerra, Werner chega a Saint-Malo na véspera do Dia D, onde, inevitavelmente, o seu destino se cruza com o de Marie-Laure, numa comovente combinação de amizade, inocência e humanidade num tempo de ódio e de trevas.

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